Em sua mais nova propaganda da campanha Just Do It, a Nike trouxe o ex-jogador da NFL (Liga de Futebol Americano) Colin Kaepernick como rosto da marca. Com a frase “Believe in something. Even if it means sacrificing everything” – que em tradução literal diz “Acredite em algo. Mesmo que signifique sacrificar tudo” – o cara foi escolhido pelo seu posicionamento em relação ao preconceito racial das forças policiais americanas.
Para entender melhor…
Colin Kaepernick é um ex-jogador de Futebol Americano que ficou famoso em 2016 quando fez um protesto durante o Hino Nacional numa partida de futebol amistosa em Santa Clara, na Califórnia. Em seu gesto de protesto contra a brutalidade policial especificamente com negros nos EUA, ele decidiu não se levantar durante o hino, o que é considerado falta de respeito e patriotismo. Quando perguntado sobre o assunto ele soltou o seguinte posicionamento:
“Não vou me levantar e mostrar orgulho pela bandeira de um país que oprime o povo negro e as pessoas de cor. Para mim, isso é maior que o futebol, e seria egoísta da minha parte virar a cara para esse assunto.”
Nas partidas seguintes, ele resolveu fazer diferente e se ajoelhou em seu protesto, o que ficou conhecido como sua marca registrada, e levou diversos outros atletas e pessoas importantes da media á se juntarem ao seu manifesto.
“Eu vou continuar a me posicionar em relação ás pessoas que estão sendo oprimidas. Para mim, isso é algo que deve mudar. Quando tiver uma mudança significativa e eu sentir que aquela bandeira representa o que ela deve representar, e esse país representar as pessoas que ele deve representar, eu levantarei.”
Inclusive a revista Sports Illustrated o homenageou com o Muhammed Ali Legacy Award, por seu ativismo social. E quem entregou o prêmio foi a cantora Beyoncé – outra ativista negra – que ao apresentar a premiação discursou o seguinte:
“Obrigado, Colin Kaepernick. Obrigado por seu coração altruísta e sua convicção. Obrigado por seu sacrifício pessoal. Colin agiu sem medo de consequência ou repercussão. Apenas na esperança de mudar o mundo para melhor. Para mudar a percepção. Para mudar a forma como nos tratamos, especialmente as pessoas de cor que ainda esperam um mundo para alcançar. Dizem que o racismo é tão americano que, quando protestamos contra o racismo, alguns supõem que estamos protestando contra a América.”
Em 2017 o atleta resolveu romper seu contrato com a NFL, segundo ele por pressão da liga, o que fez com que ele abrisse um processo contra os caras alegando que a NFL estava conspirando em seu afastamento por conta dos protestos – o que é nítido.
Voltando à Nike…
Agora você pode ver que o posicionamento da marca é louvável, pois assim ela levanta sua bandeira e escolhe que lado representar nesta luta, que tem outros nomes como Serena Williams e Lebron James. Tanto que esse posicionamento da marca deixou as pessoas divididas, onde os que estão contra a atitude da Nike estão queimando tênis – literalmente – e fazendo um alarde em relação à isso.
First the @NFL forces me to choose between my favorite sport and my country. I chose country. Then @Nike forces me to choose between my favorite shoes and my country. Since when did the American Flag and the National Anthem become offensive? pic.twitter.com/4CVQdTHUH4
— Sean Clancy (@sclancy79) 3 de setembro de 2018
É muito importante ver esse tipo de posicionamento em relação à um assunto tão sério e importante, que mesmo sendo diretamente relacionado à nossa realidade – leia-se Brasil – temos milhares de casos de preconceito racial bem parecido por aqui todos os dias – sofremos na pele pela nossa cor. Está aí o caso da Marielle Franco, vereadora, feminista e ativista negra que foi brutalmente assassinada e segue sem uma resposta há mais de 170 dias.
Precisamos de mais pessoas como o Colin Kaepernick para nos representar, e eu, Fabiano Gomes, espero estar fazendo o mesmo com a voz que tenho e o poder de influenciar, que vocês – meus leitores e seguidores – me deram.
#TeamKaepernick #TeamMarielle