Há um bom tempo já vemos um ensaio de uma moda sem gênero no mundo fashion, vez ou outra diversas marcas trazem na passarela alguma peça ou look totalmente agênero, voltado para qualquer tipo de identificação de gênero. Gucci trouxe em sua coleção de Outono/Inverno 2015/2016 uma coleção que gritava fluidez de gênero; homem com saia na Givenchy, por exemplo, já não é novidade, pois a maison já vem trazendo essa estética há tempos, assim como João Pimenta e Alexandre Herchcovitch aqui no Brasil vêm fazendo o mesmo.
Em se tratando de Brasil, o que fez com que a moda sem gênero ou de gênero fluido ficasse tão em alta nos últimos tempos foi a inserção – mesmo que discreta e sem levantar bandeira – da ideia desse viés da moda nas lojas de fast fashion, que são as marcas com mais abrangência territorial no país – e no mundo talvez.
Após a espanhola Zara trazer a coleção Ungendered, que trazia peças em comum para eles e para elas, os brasileiros se sacudiram e dividiram opiniões sobre a coleção, onde de um lado tinham os que adoraram, e do outro os que acharam a coleção muito vazia e com pouca abordagem da fluidez de gênero em si.
Já a última marca – que também não é brasileira, é holandesa, mas possui forte impacto de atuação aqui no Brasil – a apostar na fluidez de gênero, mas sem levantar bandeira, foi a C&A. A fast fashion trouxe uma campanha intitulada Misture, Ouse e Divirta-se, onde no vídeo de divulgação (o feito para internet e não TV Aberta…) apareciam pistas da moda sem gênero em dois momentos: o primeiro deles aparece um cara encarando um vestido flutuando, meio que “humm será que devo?!”; e no segundo momento já aparece um outro rapaz experimentando um vestido floral na composição do seu look.
Muitos criticaram a loja, mas não por achar a campanha estranha, e sim por achar que era preciso um posicionamento mais claro dela. A marca não levantou bandeira de moda sem gênero, mas deixou claro que a ideia estava ali. Pois como diz o ditado “para bom entendedor, meia palavra basta“.
Mas qual a importância de falar sobre a fluidez de gênero afinal?!
Bom, se você tenha seu gênero de nascimento compatível com a sua expressão social, ou seja, se você nasceu um homem com pênis e tem sua expressão social identificada como homem (entenda melhor aqui), pode ser que não faça muita diferença na sua vida. Mas acontece que como sociedade nós temos que pensar como um todo, correto? Correto.
Então a discussão de gênero mesmo na moda é de total importância, porque existem pessoas que não tem seu gênero definido ao nascimento. Há gente no mundo todo – talvez aí do seu lado, ou mesmo dentro de você – que não possui uma identificação que condiz com o corpo que lhe foi ofertado pela natureza, e por isso a necessidade de se abordar essas questões, que hoje tão complexas e polêmicas podem – e hão de – ser mais simples e natural no futuro.
Portanto, se inteire mais sobre a discussão de fluidez de gênero, agênero, genderless; enfim, não importa como vão chamar, mas sim a discussão sobre como ela se aplica na sociedade.